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By Ferramentas Blog

dezembro 09, 2011

Reservas Marinhas

 Estava lendo um pouco sobre isso e achei alguns textos:

29/10/2009

Pará sedia encontro sobre reservas marinhas


Pescadores, marisqueiros, catadores de caranguejo e pesquisadores de todo o Brasil participam no município de Bragança, a 215 quilômetros de Belém, do I Encontro Nacional das Reservas Extrativistas Costeiro Marinhas, promovido pelo Instituto Chico Mendes, com a parceria do governo do Estado, por meio do Instituto de Desenvolvimento Florestal do Pará (Ideflor). O encontro começou no último dia 26 e encerra nesta sexta-feira (30).

O Pará tem nove reservas extrativistas marinhas, dentre as 22 existentes no Brasil. Sandra Gonçalves, 39 anos, uma das duas únicas mulheres no Pará a dirigir uma reserva extrativista, disse que "a criação do Ideflor contribuiu muito para o avanço das reservas". "O Ideflor garante recursos para oficinas de viveiros de mudas, para reflorestamento, dentro do programa 1 Bilhão de Árvores. Mas, ajuda, principalmente, no trabalho de conscientização das comunidades que dependem da fauna marinha para sobreviver. Não jogar lixo nos mangues, não derrubar árvores frutíferas, são trabalhos de conscientização que desenvolvemos em parceria com o Ideflor", completou a pescadora de camarão Sandra Gonçalves, presidente da reserva Mãe Grande, no município de Curuçá, e da Central das Associações das Reservas Marinhas do Pará.

A reserva marinha mais antiga do Pará tem sete anos, fica em Soure, município do Arquipélago do Marajó, e é presidida pela catadora de mariscos Patrícia Farias. Segundo dados do Ideflor, mais de 30 mil famílias no Pará dependem da fauna marinha para garantir emprego e renda.

"O evento servirá, também, para discutir medidas que consolidem território e políticas públicas integradas, que tragam melhorias para o setor", acrescentou Waldemar Vergara, coordenador do evento e gestor da Resex Marinha de São João da Ponta.

Destaques - De 37 itens ou produtos não-madeireiros, os que mais se destacam em produção são os frutos de açaí (R$ 103,2 milhões); amêndoas de babaçu (R$ 102,2 milhões); fibras de piaçava (R$ 88,9 milhões); erva-mate nativa (R$ 86,9 milhões); pó cerífero e cera de carnaúba (R$ 48,6 milhões e R$ 13,3 milhões, respectivamente); castanha do pará (R$ 43,9 milhões); palmito nativo (R$ 9,9 milhões); látex coagulado de hevea ou seringueira nativa (R$ 7,9 milhões).

Esses produtos somaram 93,7% do valor total da produção extrativista vegetal não-madeireira do país em 2008, totalizando R$ 539,2 milhões. O norte do Brasil detém 90,7% da produção nacional de açaí (fruto); 98,3% da produção de castanha do pará; 11,3% de fibras de piaçava; 94,7% de palmito e 99,8% de látex coagulado de hevea.

No final da manhã, Airton Faleiro confirmou que no próximo dia 11 de novembro (quarta-feira), acontecerá na Assembleia Legislativa uma audiência pública para tratar das reservas extrativistas marinhas. (Diário Online com informações Secom)

Edição de 18/11/2011


Áreas de preservação serão criadas até o final do próximo ano por instituto

O litoral paraense terá novas Reservas Extrativistas (Resex) marinhas até o final do ano que vem em Marapanim, Magalhães Barata, São Caetano de Odivelas e Quatipuru, solicitadas por comunidades de pescadores que pretendem proteger os recursos naturais de onde tiram seu sustento. O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que administra e gerencia as reservas, já fez avaliação preliminar e abrirá edital para contratar empresa que fará análises sócio-ambientais nas regiões. Os estudos devem ser concluídos até agosto do ano que vem.
O Pará é o Estado com maior número de unidades de conservação federais do Brasil, tendo também a maior área em hectares. As novas unidades se somarão às 44 já existentes no território paraense, um total de 18,1 milhões de hectares, 20 delas reservas extrativistas, totalizando 4,4 milhões de hectares.
Há outra proposta de criar Resex em Primavera (nordeste paraense), a 194 quilômetros da capital, cujo processo ainda está em fase inicial. "Essas quatro cidades do litoral já foram visitadas por técnicos do ICMBio. Agora estamos abrindo edital para contratação do diagnóstico sócio-ambiental", explica a analista ambiental Maria Goretti Pinto, ao informar que a empresa será contratada até o final deste ano e terá oito meses para fazer os estudos. 

Acho legal isso. Assim, ninguém pode dizer que as pessoas do Pará não convivem com a Amazônia: nós também somos a Amazônia. Mesmo em Belém, uma selva de pedra, convivemos com as grandes mangueiras e as chuvas.

De: Canal Ciência IBICT

Ciência mostra porque preservar a vegetação de mangues e restingas é essencial para as comunidades pesqueiras


O que é a pesquisa

 
O litoral amazônico tem cerca de 1200 quilômetros abrangendo os estados do Amapá, Pará e Maranhão. O litoral do Pará, a leste da desembocadura do Amazonas, destaca-se por sua forma recortada com estuários pouco profundos (rias) separadas por pontas arenosas ou lamosa, integradas por ecossistemas de mangues e restingas, muito ricos em recursos alimentares e assim habitados desde a pré-história.
Esta pesquisa, levada a cabo por cientistas do Museu Paraense Emílio Goeldi, visa levantar, ampliar e fornecer informações sobre o uso da vegetação desses ecossistemas litorâneos pelas comunidades locais de pescadores, identificando as espécies usadas na construção de currais, no acondicionamento de alimentos, na medicina caseira e como nutrientes.
A pesquisa está focada nas vilas de pescadores de Marudá, Camará e Bacuriteua, pertencentes ao município de Marapanim (PA), e localizadas na Zona do Salgado, composta pelos municípios que sofrem influência do Oceano Atlântico.

Como é feita a pesquisa

Para obter as informações foram aplicados questionários, submetidos no mínimo a seis informantes por local pesquisado. As perguntas se centram nas espécies usadas, tipos de uso e locais de ocorrência das plantas. Reuniões com a comunidade e depoimentos diretos complementaram os dados.
As espécies vegetais citadas foram coletadas com auxílio de moradores, conhecedores de seus nomes vulgares e identificadas pelos métodos tradicionais utilizados em taxonomia. O material fértil está depositado no Herbário MG do Museu Paraense Emílio Goeldi.
A pesquisa amplia o leque conhecido dos usos de espécies vegetais pelas populações costeiras, incluindo - além de alimentação, medicina caseira e confecção de currais - a construção de barcos e a obtenção de carvão, tintas e resinas para calafetação das embarcações. As plantas são provenientes de matas, campos, igapós e principalmente mangues e restingas da área.
Os resultados ressaltam a importância do ecossistema manguezal para as comunidades pesqueiras, já que além de criadouros naturais e abrigos para espécies de peixes, camarões, caranguejos e aves; de protegerem o litoral contra erosões e tempestades e reterem sedimentos evitando o assoreamento. A vegetação destes ecossistemas é fonte de madeira, usada na construção de casas, barcos, cercas e postes, bem como para lenha e carvão. Cascas e folhas também contém tanino, poderoso adstringente usado na curtição do couro, no tingimento das velas e na medicina caseira, para curar disenterias e hemorróidas.
As espécies conhecidas como mangueiro (Rizophora mangle ), tinteiro (Laguncularia racemosa) e a siriubeira (Avicennia germinans) fornecem moirões e varas usadas para construir currais de pesca. Um único curral demanda de 100 a 200 moirões (6 a 7 metros de altura) e 200 a 400 varas (4 m de altura), mas a retirada destas madeiras ocorre de forma sustentável, em pontos variados, respeitando o tamanho das árvores e aguardando a recomposição da vegetação nos locais já explorados.
Nas restingas da área pesquisada estão identificadas diversas formações vegetais nas quais ocorrem espécies aproveitáveis:
1. Nas áreas ainda banhadas pelas marés ocorre a espécie Spartina alterniflora, que vegeta sobre pedras e de cujas raízes faz-se um chá contra a asma;

2. Entre as plantas rastejantes, nos primeiros cordões de dunas, está a salsa-de-praia (Ipomoea pes-caprae Rottb.), usada em banhos contra coceiras, e a losna (Ambrosia microcephala) usada contra anemia, cólicas, diarréias e como alucinógeno;
3. Nos brejos que ficam no reverso dos cordões de dunas, e que são áreas inundadas periodicamente, vive a verônica branca (Dalbergia ecastophyllum) cujas raízes e cascas combatem inflamações uterinas e anemia, e a jipooca (Entada polyphylla), de cuja raiz extraí-se uma espuma que alivia coceiras;
4. Na restinga aberta com capins e ervas intercaladas por moitas e arbustos, encontra-se o umiri, ou mirim (Humiria balsamifera) cujo fruto é comestível e cujo tronco fornece cavacos para a cobertura de casas. Do muruci da praia (Byrsonima crassifólia) aproveitam-se os frutos, e da copaíba (Copaifera martii), o chá da casca como antinflamatório. Na área campestre há sempre vivas e orquídeas com potencial de aproveitamento como plantas ornamentais;
5. Na mata da restinga, não muito densa, com árvores de 5 metros em média, os troncos finos são muito usados para confeccionar carvão e fabricar varas para cercas e assoalhos das palafitas onde são guardados os artefatos de pesca. Da sucuuba (Himatanthus articulata) extrai-se o leite da casca, usado contra a tosse e em emplastros para contusões, sendo o chá da entrecasca abortivo. O chichuá, ou barbatimão (Maytenus sp.) é afrodisíaco, o abacaxi do mato (Ananás nanus) é outro abortivo, e o bacuri (Platonia insignis) dá frutos comestíveis, usados em doces;
6. Nas dunas internas, fixas e semi fixas, finalmente, há arvores maiores, cuja madeira é aproveitada em construções; plantas medicinais como o mandacaru (Cereus sp.), usado em doenças renais; frutíferas, como o ajiru (Chysobalanus icaco) e mistas, como o caju (Anacardium occidentale) cujas frutas são comestíveis, assim como as cascas e raízes são remédios.
Ainda entre as ervas que vicejam entre as dunas encontra-se a “sete sangrias” (Heliotropium polyphyllum), usada como depurativo do sangue, a vassourinha (Scoparia dulcis) que é vermífuga, a famosa quebra-pedra (Phyllanthus niruri), diurética e usada para eliminar cálculos renais, e a ipecacunha (Hybanthus calceolaria), que é antidiarréica e amebicida. Mencionem-se ainda plantas que fornecem fibras, da família das palmas, usadas para acondicionar pescados e cobrir telhados e paredes de casas.

Importância da pesquisa

A pesquisa demonstra que a vegetação costeira é extremamente rica em recursos aproveitáveis pela população local. Entretanto esta vegetação, por estar próxima a praias, encontra-se em risco de destruição. A paisagem atrai o turismo predatório, a especulação imobiliária e a abertura de estrada, devastando mangues e restingas. O aterramento, a retirada de madeiras e a extração de areia para construções podem desestabilizar esses delicados ecossistemas.
As comunidades locais podem ser afetadas com a diminuição de seus recursos de subsistência, empobrecimento e conseqüentes mudanças de condições sócio-econômicas e culturais. A venda e posse de terras loteadas, ao longo das rodovias, também restringe o acesso às espécies vegetais úteis por parte das populações nativas.
Outra importante função da vegetação é fixar as dunas (que fazem parte do ecossistema das restingas), através da disposição radicular e da ramagem, evitando a movimentação da areia pelos ventos. A eventual destruição desta vegetação pode fazer que dunas já fixadas voltem a se mexer, soterrando casas e, mais grave, assoreando os manguezais, o que pode ser fatal para esses ecossistemas, que por sua vez são essenciais para a pesca e a sobrevivência das comunidades locais.
Além de prejudicar econômica e socialmente as comunidades, a destruição dos mangues e restingas reflete-se diretamente na diminuição da produtividade pesqueira, de recursos alimentares e medicinais. Por isso é crucial, para antropólogos e ambientalistas, preservar as tradições culturais e extrativistas das comunidades que vivem da pesca artesanal e, com elas, os ambientes com os quais os pescadores convivem e dos quais dependem em seu dia a dia.

Texto de divulgação científica publicado em 07 de abril de 2003.

Pesquisador(es) Responsável(eis)

Maria de Nazaré do Carmo Bastos

Título Original da Pesquisa

A importância das formações vegetais da restinga e do manguezal para as comunidades pesqueiras

Instituição(ões)

Museu Paraense Emílio Goeldi

Fonte(s) Financiadora(s)

Convênio CRDI-Canadá/CNPq-Brasil

Sugestões de leitura

CD-Rom:
A biodiversidade vegetal e a comunidade de pescadores na ilha Canela. Faixa: A vegetação da ilha Canela - Lista de espécies. Amaral, D.D.; Bastos, M. N. C.; Santos, J. U. e Costa-Neto, S.V.; Ed. Schories, D. & Gorayeb,MCT/ Museu Paraense Emílio Goeldi, Brasil & BMBF/Center Tropical Marine Ecology-Alemanha. 2001

CD-Rom:
O Pará é Amazônia. Faixa: Flora. Bastos, Maria de Nazaré do Carmo & Santos, João Ubiratan Moreira dos . PRODEPA, Belém do Pará, 1997.

Para adquirir os CD-Roms entrar em contato com a pesquisadora responsável pelo e-mail nazir@museu-goeldi.br
 

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