Talvez os senhores já devem ter reparado nos ônibus o nosso brasão. Só um pequeno detalhe lhes falta: as frases em latim. Por que será que apagaram? Tem um significado tão lindo!
E há alguns meses eu estava intrigada com o significado dessas frases.
Tentei traduzir no Google Tradutor, mas ficou pior do que traduzir japonês! ( T_T )/
Mas, por sorte, me deparei hoje COMO ESSE CARA AÍ com um dos livros mais legais da História do Pará!
De Carlos Rocque: História Geral de Belém e do Grão-Pará:
O Escudo de Belém
O símbolo que representa a cidade de Belém foi elaborado por Bento Maciel Parente, 7º capitão-mor do Pará, com a assistência de Aires de Souza Chicorro, Pedro Teixeira e Francisco Baião de Abreu. Segundo a descrição do Frei Cristovão de Lisboa (Razão das Coisas do Estado do Maranhão), o brasão foi dividido em quatro partes, "tendo no primeiro dois braços apresentando cestas com flores, e com frutas o segundo e por baixo uma faixa com a legenda - Ver Est Aeternum - Tutius Latent - (Segundo Wikipédia: "Eterna Primavera/Escondida é mais segura"), alusivos ao rio Amazonas, onde tudo é verdura e maravilha, ao Tocantins pela sua posição escondida às vistas dos exploradores.
Na parte do pontal inferior vê-se pintado um castelo de prata fazendo crer o fundador, com colar de pérolas, distintivo de nobreza por sobre a porta principal, da qual pendem as quinas portuguesas com cinco castelos de ouro em escudo azul, para dizer que Francisco Caldeira de Castelo Branco provinha de família nobre, e do castelo saindo uma estrada que mostra o caminho que devem seguir todos os sucessores de Caldeira, isto é, o da obediência aos maiores.
No segundo superior há um sol poente em campo de prata, e a combinação dos esmaltes aí não peca pela heráldica, visto com muitas famílias nobres da França, Espanha e Portugal a têm. Este sol poente diz a hora que Francisco Caldeira lançou fundo no local próximo a que escolhera para dar fundamento à sua conquista, e tem por baixo uma faixa com dístico: Rectior cum Retrogradus - para dizer que aguardou a aurora do dia seguinte como foi sempre costume dos conquistadores portugueses para fazer o seu desembarque. Isto é, mais prudente (fazer o desembarque) quando voltado (ao seu caminho ordinário, seguir a tradição).
"A derradeira parte do brasão faz ver um prado, onde pastam uma mula e um boi, que então, espantados, olham para o céu, tendo ao lado os dizeres Nequaquam Mínima Est, significando o nome da cidade da Belém da Judéia, que Francisco Caldeira escolhera para o da capital de sua conquista, e da qual dissera o Profeta que não seria a menor de todas.
A posição em que se acham os animais quer revelar o viço dos campos e a indústria que podem ali tão perfeitamente se combinar, e ainda a surpresa dos selvagens, ao verem desembarcar os europeus tão semelhantes aos seus".
O Escudo de Belém - um dos mais antigos das cidades brasileiras -, data de 1625. Todavia, somente em 1825 foi que Barão de Bagé, Paulo José da Silva Gama - de acordo com Ernesto Cruz (História do Pará, 2º Vol., pág. 576) -, visitando a biblioteca de um colecionador de raridades, em Braga (Portugal), teve em mãos o aludido livro de frei Cristovão de Lisboa, onde havia a descrição do Brasão de Armas.
O Barão de Bagé, presidente da Província do Pará, de Abril de 1827 a Julho de 1830, trouxe os planos de reprodução do escudo. Muito mais tarde, o pintor Maurice Bleise transportou-o para a tela, integrando atualmente, o acervo do Museu de Arte de Belém.
Vê-se uma certa diferença entre estes desenhos. Acho o que mostra o céu azul nas partes inferiores mais bonito e imponente.
Nos brasões que estão nos ônibus faltam as frases, o campo verdejante e também o colar de pérolas no castelo de prata de Castelo Branco, além do que, os cestos parecem menos fartos.
Obs.: Adoraria ter aprendido mais da história do Pará na escola: toda a sua linha cronológica. A gente cresce meio "dââ", sem saber direito de onde veio, p'ra onde vai. Se eu pudesse, tiraria um pouco da história em excesso do mundo, excessos de Brasil e Sudeste (a gente não vive no Sudeste!), do primário ou do colegial, e incluiria, nos conteúdos programáticos obrigatórios, a história do Pará, aulas de Latim e as línguas indígenas do Pará. O problema é que nem aprendemos Português direito... e a desculpa é sempre a mesma: "ah! Mas a escola pública é ruim...". Pode ser, mas Marcos Cesar Pontes, o astronauta, provou que basta o aluno querer aprender: estudou toda a vida em escola pública.
Enfim... eu adoraria.
AMEM E VALORIZEM O QUE É NOSSO.
O Brasão do Pará
O Brasão ou Escudo de Armas do Estado do Pará foi criado em 9 de novembro de 1903, pela lei estadual de nº 912, que estipulou a criação de um Brasão (ou Escudo) de Armas para o Estado.
Os seus autores são: José Castro Figueiredo (arquiteto) e Henrique Santa Rosa (Historiador e Geógrafo).
Simbolismo
- O mote: Sub lege progrediamur, latim para "Sob a lei progredimos".
- A estrela solitária: faz menção ao Pará como unidade da República Federativa do Brasil – à época da proclamação da República, única unidade federativa cuja capital situava-se acima da linha do Equador, fato esse representado na bandeira nacional por Espiga/Spica, figurada acima da linha do azimute.
- As cores: vermelho faz menção à República e ao sangue derramado dos paraenses nas diversas lutas em defesa pela soberania da pátria.
- A banda: branco faz menção à linha imaginária do Equador, que corta o estado ao Norte.
- Os ramos: de cacaueiro e seringueira, fazem menção às principais produções agrícolas à época.
- A águia: guianense faz menção à altivez, nobreza e realeza do povo do Estado.
"A estrela solitária: faz menção ao Pará como unidade da República Federativa do Brasil – à época da proclamação da República, única unidade federativa cuja capital situava-se acima da linha do Equador"
ResponderExcluirBelém nunca esteve a cima da linha do equador.